sábado, 20 de março de 2010

LOMBA DA MAIA

Existe um "castelo" na Lomba da Maia.

Não tem torres nem ameias nem tampouco o fosso protetor contra invasores e atacantes. também não tem nome nem dono. Foi assim batizado pelo escritor Daniel de Sá, por lá se avistar (dia e noite) um castelão, agarrado ininterruptamente ao seu computador, organizando os Colóquios da Lusofonia.
Todos os anos, o passeio lúdico-cultural dos Encontros Açorianos da Lusofonia passa pela Lomba da Maia para provar o típico "abafado" e espreitar o "castelo" para que todos possam aperceber-se de que é possível organizar um evento destes, daquela janela do "castelo", longe de tudo e todos, em plena costa norte, agreste e fresca, pejada de ventos enregelantes do norte, do oeste e de sul, mas calma pelo bucolismo das suas encostas a 339 metros de altitude, com as suas vacas alpinistas e uma extensa vista da faixa de terra e de mar da costa norte que vai até à Bretanha.



"... o rei, por certo, não teria hesitado em desautorizar o bispo D. António. Havia-o feito naquele mesmo ano de 1699. ...: a Lomba da Maia, então sob a jurisdição paroquial da



Maia, não chegara a ser paróquia porque o rei quisera acautelar a integridade dos rendimentos dos párocos da Maia.."(in Mário Moura: a criação de uma paróquia")


O lugar da Lomba da Maia foi elevado à categoria de freguesia em 1876 devendo o seu nome a um dorso geográfico, o que a caracteriza como uma lomba. Esta freguesia, com uma importante atividade pecuária, foi povoada, provavelmente, no primeiro quarto do século XVI. A Lomba da Maia situa-se na costa norte da ilha de São Miguel ocupando uma área de 20,5 km2 e encontra-se a cerca de 21 km de distância da cidade da Ribeira Grande, a sede do concelho a que pertence. É uma freguesia virada para o mar, com uma visão muito ampla do imenso Oceano Atlântico Norte. Localiza-se a uma latitude 37.833 (37°44') Norte e a uma longitude 25.35 (25°21') Oeste, estando a uma altitude de 339 metros. A igreja paroquial dedicada à sua padroeira Nossa Senhora do Rosário foi construída em 1867, onde no seu interior poderá admirar a sua talha dourada e as várias imagens que contém. A festa em honra da padroeira é celebrada no último domingo de Agosto, com procissão e arraial tendo já a duração de uma semana em festejos. Nos últimos anos, a afluência de emigrantes e visitantes tem aumentado substancialmente. Em dias de festa, vive-se um outro espírito na freguesia, as pessoas empenham-se em embelezar suas casas bem como as ruas. No domingo de festa, as ruas por onde passa a procissão são decoradas com magníficos tapetes de flores. Um dos vários orgulhos desta freguesia é a praia da Viola que encanta cada visitante e possibilita um sossego e relaxamento como nunca imaginados. A água é uma delícia e quem nela mergulha sai com uma alma nova. Os acessos à praia são vários, quer de carro quer de pé. Para ir de carro basta descer até ao fim da lomba. Na descida encontra-se um miradouro concluído em Agosto de 2008. Sugere-se uma descida a pé pelos trilhos criados pelos nossos antepassados aquando do funcionamento dos moinhos que mesmo junto à praia moíam o milho que servia de sustento a toda a população da freguesia e até de freguesias vizinhas. Esta freguesia foi durante muitos anos uma fonte de emigração, principalmente para os Estados Unidos da América e Canadá. A freguesia é constituída por dois povoados



Lomba da Maia — o principal aglomerado urbano da freguesia, centrado na lomba que dá o nome à localidade. O povoado tem como núcleo principal uma malha urbana relativamente densa sita em torno da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, prolongando-se por arruamentos maioritariamente de orientação norte-sul, paralelos às ribeiras, para norte (Rua da Igreja) e para sul, formando, na parte alta do povoado, o lugar de Trás do Outeiro. O centro cívico da freguesia, com edifícios públicos e do comércio, situa-se nas proximidades da igreja.
Burguete — um povoado de cerca de 150 habitantes, sito na vertente exposta a sul do Pico do Burguete[2], entre os vales da Ribeira da Faia, a oeste, e da Ribeira do Cavalo, a leste. O povoado tem uma estrutura linear norte-sul, com as habitações alinhadas ao longo da estrada que sobe ao longo da margem direita da Ribeira da Faia.

[1] A designação lomba é utilizada na toponímia açoriana para designar as elevações alongadas encaixadas entre os talvegues de cursos de água adjacentes.

[2],O Pico do Burguete é um cone vulcânico sobranceiro à costa da Lomba da Maia, com 321 m de altitude no seu ponto mais alto, dissimétrico com a vertente norte mais inclinada, formado por piroclastos basálticos. Está encaixado entre as ribeiras da Faia, a oeste, e do Cavalo, a leste (cf. Burguete na Enciclopédia Açoriana).



Beneméritos e filhos ilustres da Lomba da Maia:

 

João Augusto Soares Brandão (1844-1921), actor nascido na Lomba da Maia que aos 11 anos de idade rumou ao Brasil, onde se tornou num popular ator de comédia, conhecido como Brandão, o Popularíssimo. Frente à escola da freguesia foi erigido um monumento em sua honra, contendo um baixo-relevo com a sua efígie. Um dos seus filhos, o actor Brandão Filho, também atingiu grande notoriedade.

 

Amâncio da Câmara Leite, professor de primeiras letras, um filho da terra que muito contribuiu para o desenvolvimento cultural da localidade, em especial no ensino da música e do teatro e no apoio à criação de grupos de jovens vocacionados para o efeito. Foi durante vários mandatos presidente da Junta de Freguesia. Foi escolhido para patrono da escola do primeiro ciclo da freguesia, hoje designada Escola Básica Professor Amâncio da Câmara Leite.


Jonas de Amaral Medeiros Negalha (1933-2007), poeta, escritor, filósofo, diplomado em literatura (1972) e em filosofia (1976), professor, membro da União Brasileira de Escritores e de outras instituições internacionais, viveu parte da sua vida no Brasil, onde faleceu na cidade de São Paulo.



Elias de Medeiros Negalha, radicado há muitos anos em Lisboa e autor de Os Meninos da Rua: Prevenção da Delinquência Juvenil (São Paulo, 1993), obra considerada de elevado mérito pedagógico.


Anthony de Sá é o autor de Barnacle Love (Random House, 2008) que intercepta o sonho emigrante com a desilusão e realidade amarga da experiência do emigrante açoriano num mundo onde o leitor caminha do isolamento e sossego da ilha ao multiculturalismo e alvoroço da cidade, Toronto. Decorrendo de experiências em que a vivência do autor está fortemente ancorada, Anthony de Sá caracteriza sucinta mas sugestivamente o ‘emigrante', dando-lhe uma feição universalista. Nasceu em Toronto, filho dum açoriano da Lomba da Maia. Os seus curtos contos de ficção têm sido publicados em inúmeros jornais e revistas literárias norte-americanas. Frequentou a Humber School for Writers e chefia o seu departamento de Inglês dirigindo o curso de escrita criativa numa escola de artes. O seu primeiro livro acabado de sair “Barnacle Love” foi um sucesso e está a escrever uma novela. Vive em Toronto com a mulher e três filhos.


Manuel Sá Couto, influente figura política açoriana e professor de Filosofia na Escola Antero de Quental é uma das referências locais de vulto















Sem comentários: