quarta-feira, 14 de abril de 2010

Festas do Espirito Santo

Festas do Espírito Santo nos Açores - Devoção religiosa com origens medievais.


 
No arquipélago dos Açores as famosas Festas do Espírito Santo realizam-se de Abril a Junho, aos domingos, apresentando características diferenciadas de ilha para ilha e de povoação para povoação.
Trazidas de Portugal continental com os primeiros povoadores, os festejos do Espírito Santo mantêm na sua feição popular e no colorido das cerimónias a sua origem medieval.
A invocação do Espírito Santo aquando das catástrofes naturais que afligiam o arquipélago e a fama dos seus milagres, a vida difícil e o isolamento das ilhas contribuíram para que o culto se arreigasse e permanecesse, enquanto desaparecia em Portugal continental.
Os rituais quase não foram alterados. Um Imperador é coroado na igreja paroquial. Com um ceptro e uma placa de prata, como símbolo do Espírito Santo, preside às festas todos os domingos durante sete semanas depois da Páscoa.No domingo de Pentecostes, há uma grande festa na cidade. O fulcro das cerimónias é uma pequena capela, ou "império" utilizada para a distribuição da sopa do Espírito Santo, com carne e legumes. É aí que a coroa, a placa e o ceptro estão em exposição no altar.
A passagem do tempo deu aos festejos do Espírito Santo características próprias em cada ilha, embora mantenham alguns elementos comuns como a coroação do "imperador", a exposição das suas insígnias - coroa e ceptro - o cortejo do "imperador" e da "imperatriz", com o seu séquito, o dia de festa em que são distribuídas oferendas de pão, carne e vinho.



quinta-feira, 25 de março de 2010

FESTA DO SENHOR SANTO CRISTO DOS MILAGRES

Há três séculos a população daquele arquipélago cultua com ardor imagem admirável de Cristo padecente - "Ecce Homo" - por intermédio da qual têm-se operado, de modo contínuo, esplêndidos milagres.
Uma das devoções mais ricas em significado, e que se manifesta com pujança extraordinária em nossos dias, é a do Senhor Santo Cristo dos Milagres. O centro de sua veneração é o Mosteiro da Esperança em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, situado cerca de 1.400 km de Lisboa.
O Senhor Santo Cristo é representado nesta devoção por um busto de tamanho superior ao de um homem, figurando Jesus no Pretório de Pilatos, depois de acoitado, com a face chagada pelos golpes e pelas bofetadas, a cabeça coroada de espinhos, encimando o seu rosto adorável e o peito aberto pela lança. Como rei de comédia, está sentado, tendo na mão uma cana, em vez de cetro, e um manto de púrpura para irrisão.
Frutos dos mistérios da Fé, sinais da gratidão dos mortais pelos milagres que os ajudam a caminhar pela vida, o Tesouro, da imagem é impressionante.



O Resplendor, em platina cromada de ouro, pesa 4, 850 gramas e está incrustado de 6.842 pedras preciosas de todas as qualidades: topázios, rubis, ametistas, safiras, etc.
Além do valor artístico, esta jóia está carregada de elementos simbólicos ligados à teologia. O primeiro é a da Santíssima Trindade, representada por um triângulo no centro que contém três caracteres com o seguinte significado: "Sou o que Sou" e também "Pai, Filho e Espírito Santo".
Deste triângulo irradiam os resplendores para as extremidades da peça.
O segundo elemento é a Redenção de Cristo, representada pelo cordeiro sobre a cruz e pelo livro dos Sete Selos do Apocalipse.
Um terceiro é a Eucaristia, simbolizada por uma ave, o pelicano, pelo cálice e pelo cibório.
O último elemento simbólico do Resplendor é a Paixão de Cristo passando pela coroa representada em pormenor: desde a túnica ao galo da Paixão, passando pela coroa de espinhos integralmente feita de esmeraldas.
Se o Resplendor é a jóia mais rica do Tesouro, a coroa é a sua peça mais delicada. Em ouro, pesando apenas 800 gramas, possui 1.082 pedras preciosas, todas elas trabalhadas com minúcia, onde os próprios espinhos são pequeníssimas pedras que diminuem de tamanho nas extremidades.
O relicário é, por outro lado, a peça mais enigmática do Tesouro. É a única que está permanentemente colocada no peito da imagem e serve para guardar o Santo Lenho, que se crê ser uma relíquia da verdadeira cruz em que Jesus foi crucificado.
O Cetro, a quarta peça do Tesouro, é constituída por duas mil pérolas que formam uma maçaroca de cana, 993 pedras preciosas ao longo do tronco e no conjunto de brilhantes com renda de ouro na base, onde está colocada a Cruz de Cristo.
Finalmente, as Cordas, com 5,20 metros de comprimento, constituem a quinta peça do corpo principal do Tesouro. São duas voltas de pérolas e pedras preciosas enroladas em fio de ouro.
As Jóias do Senhor Santo Cristo dos Milagres, como também a seleção de capas usadas pela imagem, podem ser admiradas no Convento de Nossa Senhora da Esperança.



Na origem da devoção, uma religiosa Clarissa
A guarda da imagem do Senhor Santo Cristo está a cargo das Irmãs Clarissas, que começaram suas atividades apostólicas naquela ilha em 1541 (o arquipélago fora descoberto pelos portugueses em 1427).
Vem essa Congregação se dedicando ininterruptamente às obras religiosas e mais especialmente ao culto do Senhor Santo Cristo, mesmo durante a era pombalina, em que as Ordens Religiosas foram proibidas e perseguidas por força das leis portuguesas.
Tal devoção começou a tomar o brilho que ela hoje possui a partir de 1683, quando fez os votos solenes, em 23 de julho, a Madre Teresa d' Anunciada, conhecida como a freira do Senhor Santo Cristo.
Esta madre, falecida com fama de santidade em 16 de maio de 1738, dedicou sua vida a Nosso Senhor Jesus Cristo, honrando de maneira única Sua imagem de "Ecce Homo", por cujo culto se bateu a vida toda com um amor abrasado e dedicação absoluta.
Na sua autobiografia, escrita por ordem de seu confessor, lê-se: "Para Deus, por mais que se faça, não é nada. Para o que Sua Majestade merece, tudo o que Ele quiser, estou pronta".



O amor desta alma a Nosso Senhor levou-a a honrar de maneira única a Sua imagem do "Ecce Homo", que encontrou pobre, quase abandonada e escondida havia mais de cem anos numa dependência do Convento.
Tal imagem havia sido doada pelo Papa Paulo m a duas religiosas que tinham ido a Roma especialmente com o objetivo de pedir autorização para fundarem um convento em Ponta Delgada, Açores.
Dizia Madre Teresa: "Todo o meu cuidado era solicitar coisas muito ricas para adorno do meu Senhor e tratá-Lo com aquele culto e decência que merece Sua Pessoa: Em tudo que necessitava o Senhor, fui sempre impertinente em procurar; e quando alcançava os objetivos, dizia: “Tudo seja para sua maior glória".
Retribuindo tal dedicação, Jesus operava prodígios para atender às suas orações e, como Ele próprio lhe revelou, “tu és o meu nada, e Eu sou o teu tudo".
Os milagres, que se obtêm por intermédio de orações ao Senhor Santo Cristo, são numerosíssimos. Na vida de Madre Teresa d' Anunciada eles foram contínuos, estando, ainda hoje, na Ermida de Nossa Senhora da Paz, consignados os relatos de esplêndidos feitos miraculosos.



Tremores de Terra e manifestação de Nosso Senhor estão na origem da procissão
No ano de 1700, a Ilha de S. Miguel foi abalada por fortes e repetidos tremores de terra. Duravam estes já vários dias quando a Mesa da Misericórdia e grande parte da nobreza da cidade, vendo que os terremotos não cessavam, resolveram ir à portaria do Mosteiro da Esperança para levarem em procissão a Imagem do Santo Cristo.
Ao princípio da tarde desse dia 13 de Abril de 1700, juntaram-se as confrarias e comunidades religiosas. Concorreu igualmente toda a nobreza e inumerável multidão que, com viva fé, confiava se aplacaria a indignação divina com vista da santa Imagem.
Caminhava já a procissão em que todos iam descalços; e logo que a veneranda Imagem se deixou ver na portaria, foi tão grande a comoção em todos que a traduziram em lágrimas e suspiros, testemunhos irrefragáveis da contrição dos corações.
Levaram o andor do Santo Cristo as pessoas mais qualificadas em nobreza. Andando a procissão, ia a veneranda Imagem entrando em todas as igrejas onde, em bem concertados coros, Lhe cantavam os salmos "Miserere mei Deus".
Saindo da Igreja dos Jesuítas, e caminhando para a das Religiosas de Santo André, não obstante toda a boa segurança e a cautela com que levavam a santa Imagem, com assombro e admiração de todos, caiu esta fora do andor e deu em terra. Foi esta queda misteriosa, porque não caiu a Imagem por algum dos lados do andor, como era natural, senão pela parte superior do dossel.
O povo ficou aflito com sucesso tão estranho. Uns feriam os peitos com as pedras; outros, pondo a boca em terra, que julgavam santificada com o contacto da santa Imagem, pediam a Deus misericórdia; estes, tomando os instrumentos de penitência, davam sobre si rijos e desapiedados golpes, regando a terra com o sangue das veias; aqueles publicavam em alta voz as suas culpas, como causas da indignação do Senhor; e todos, com clamores e enternecidos suspiros, pediam a Deus que suspendesse as demonstrações da sua justa vingança.
Verificaram, então, que a santa Imagem não experimentara com a queda dano considerável, pois somente se observou no braço direito uma contusão. A Imagem foi lavada e limpa no Convento de Santo André e, colocada outra vez no andor com a maior segurança, continuou a procissão, na qual as lágrimas e soluços do povo aflito embargavam as preces, até que, bem de noite, se recolheu no Mosteiro da Esperança.
E a cólera divina se aplacou…



Na procissão, resplandece majestade real
O jogo de expressões fisionômicas da Imagem, tocando a todos individualmente, conforme as disposições interiores de cada um, tem todavia uma característica central e predominante: o olhar.
Este olhar convida a todos que retribuam àquele imenso e divino amor com uma total dedicação e entusiasmo na implantação do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na Terra.
A face marcada pelos dramas da Paixão não tira o aspecto de majestade que se desprende daquele busto. Ele próprio revelou a madre Teresa o desejo de que fosse glorificado como Rei, o soberano Senhor, tanto no convento como fora dele.
É por isto que é realizada a procissão do Senhor Santo Cristo pela cidade, no domingo imediatamente anterior à festa da Ascensão, tendo esta devoção começado por volta do ano de 1700.
Nessa procissão e a quantos dela participam, Ele aparece ao povo da ilha, através da imagem, como o "Senhor”, o "Rei Absoluto". As manifestações da população e das Forças Armadas, os tapetes de flores, todo o brilho dado à celebração constituem homenagens a essa realeza.
Não é, pois, de admirar o que escreve Madre Teresa em sua autobiografia, sobre o que o Senhor lhe ordenou: "Teresa, manda-Me buscar as insígnias reais: coroa de espinhos, resplendor e cana. Eu quero que ele (o rei D. João V de Portugal) Me mande fazer as três insígnias reais de ouro e diamantes e pedras preciosas, como de rei para rei"
Compreende-se assim o culto prestado ao Senhor Santo Cristo, ornado de jóias preciosas deslumbrantes e de tal magnitude que ultrapassa a de coroas dos maiores potentados. Mas o grande e valioso relicário está no peito da imagem, que encerra uma relíquia da verdadeira Cruz de Cristo, o Santo Lenho.
É fato digno de nota que a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, a 13 de maio de 1917, se deu no mesmo dia em que se realizava, em Ponta Delgada, a procissão do Senhor Santo Cristo.
Afluência popular, milagres e graças





Muito se poderia dizer sobre os milagres que continuamente se operam por intermédio da devoção ao Senhor Santo Cristo.



Todos os dias os fiéis, em grande número, ajoelham-se junto às grades que no Santuário separam a igreja do coro de baixo, onde está a capela do Senhor Santo Cristo, construída pela Madre Teresa, segundo desenho arquitetônico inspirado pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ali oram e louvam ao Senhor; ali pedem graças, curas de doenças, a solução de problemas difíceis na sua vida; ali fazem seus votos, suas promessas; ali agradecem ao Senhor as graças obtidas; ali fazem suas ofertas, por vezes muito generosas.
É impressionante a afluência de centenas de fiéis às sextas-feiras, durante todo o ano. Não há uma única sexta-feira em que a igreja não esteja repleta, e muitas vezes acontece terem eles de ficar nas dependências, ou mesmo fora delas, por falta de espaço.
A festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres celebra-se no quinto domingo após Páscoa.

sábado, 20 de março de 2010

Romarias Quaresmais em São Miguel, Açores

As romarias da Quaresma constituem uma das principais manifestações da religiosidade popular dos Açores, assumindo particular expressão em S. Miguel, ilha em que as romarias decorrem nas várias semanas compreendidas entre as Cinzas e a Páscoa.
Os romeiros são uma manifestação religiosa única. Grupos de homens, rezando, percorrem a pé, durante uma semana, toda a ilha. Denominam-se Romeiros da Ilha de São Miguel os grupos de católicos, que durante uma das semanas da Quaresma, se propõem visitar todas as igrejas e ermidas onde se venera a imagem de Maria, cantando e rezando durante todo o percurso.

Esta prática, também se chama Visita às casas de Nossa Senhora, e tem a sua motivação, como reza a tradição, nas calamidades públicas causadas pelos terramotos e erupções vulcânicas ocorridas em 22 de Outubro de 1522 e 25 de Junho de 1563, que arrasaram Vila Franca do Campo e prejudicaram gravemente a Ribeira Grande.


Nesses momentos de aflição os micaelenses, para implorarem a misericórdia divina, fizeram preces públicas ao Céu por intermédio de Maria e sentiram tão viva a protecção do Alto, que jamais, desde então até ao presente, deixaram esta piedosa pratica, conservando-a na suas características primitivas.Os fins das romarias são fazer penitência pelos pecados próprios e alheios; e suplicar as bênçãos de Deus para as Terras dos Açores, para Portugal inteiro e todo o mundo."



Na 4ª feira de cinzas dá-se início à Quaresma. Durante as 5 semanas que se seguem é comum ver nas estradas de São Miguel grupos de homens caminhando e rezando em voz alta. Estes peregrinos a que se dá o nome de Romeiros, saem às ruas da ilha todos os anos para reafirmar a sua fé e agradecer a Deus as graças concedidas.

A tradição terá surgidos em 1522, quando a primeira capital de São Miguel, Vila Franca do Campo foi sacudida por um forte tremor de terra. Seguiu-se uma erupção vulcânica em que dos 4.500 habitantes só sobreviveram 500. Quarenta anos mais tarde outro vulcão surgiu no local onde se situa a Lagoa do Fogo.
Desde então há registo de que todos os anos grupos de homens caminham orando à volta da ilha, cumprindo promessas, é sobretudo a rezar que os dias vão passando, rezar e caminhar.
Durante 1 semana estes homens carregam consigo apenas um saco com o essencial e vão pernoitando em igrejas, escolas ou casas de pessoas que se oferecem para receber os Romeiros. Por vezes as casas de folha (palha) são suficientes para passar a noite. Na casa em que são acolhidos é hábito lavarem-lhe os pés doridos.

O “procurador das almas” é quem fica para trás do cortejo, de modo a receber os pedidos de quem passa por eles na estrada. Os “irmãos” rezam, sendo o “mestre” quem sabe quais as orações apropriadas. O “contramestre” segue a meio do cortejo, na companhia do “lembrador das almas”, enquanto à frente os guias marcam o compasso, dão o ritmo de modo a facilitar a caminhada e a torna-la mais agradável a todos. Os irmãos mais pequenos caminham à frente e levam a cruz.
Trazem todos na mão o bordão de madeira e trajam hábitos tradicionais, carregados de simbolismo. Antigamente andavam descalços, actualmente, utilizam calçado mais confortável. O bordão é feito em pinho, à medida de cada irmão, o do mestre destaca-se dos restantes por possuir uma cruz na extremidade. O xaile representa o manto com que cobriram Jesus; o lenço representa a coroa de espinhos; a saca que transportam às costas representa a cruz e o terço é dedicado à Virgem Maria.
Quando regressam à paróquia, as irmandades despedem-se na chamada “despedida da salvação”, uma festa em que participam todos os habitantes da freguesia.
Passaram oito longos dias de caminhada e fé, de companheirismo e oração. Fecha-se o percurso em círculo no sentido dos ponteiros do relógio, como se uma viagem de eterno retorno se trata-se, uma volta à ilha, uma volta ao mundo.

LOMBA DA MAIA

Existe um "castelo" na Lomba da Maia.

Não tem torres nem ameias nem tampouco o fosso protetor contra invasores e atacantes. também não tem nome nem dono. Foi assim batizado pelo escritor Daniel de Sá, por lá se avistar (dia e noite) um castelão, agarrado ininterruptamente ao seu computador, organizando os Colóquios da Lusofonia.
Todos os anos, o passeio lúdico-cultural dos Encontros Açorianos da Lusofonia passa pela Lomba da Maia para provar o típico "abafado" e espreitar o "castelo" para que todos possam aperceber-se de que é possível organizar um evento destes, daquela janela do "castelo", longe de tudo e todos, em plena costa norte, agreste e fresca, pejada de ventos enregelantes do norte, do oeste e de sul, mas calma pelo bucolismo das suas encostas a 339 metros de altitude, com as suas vacas alpinistas e uma extensa vista da faixa de terra e de mar da costa norte que vai até à Bretanha.



"... o rei, por certo, não teria hesitado em desautorizar o bispo D. António. Havia-o feito naquele mesmo ano de 1699. ...: a Lomba da Maia, então sob a jurisdição paroquial da



Maia, não chegara a ser paróquia porque o rei quisera acautelar a integridade dos rendimentos dos párocos da Maia.."(in Mário Moura: a criação de uma paróquia")


O lugar da Lomba da Maia foi elevado à categoria de freguesia em 1876 devendo o seu nome a um dorso geográfico, o que a caracteriza como uma lomba. Esta freguesia, com uma importante atividade pecuária, foi povoada, provavelmente, no primeiro quarto do século XVI. A Lomba da Maia situa-se na costa norte da ilha de São Miguel ocupando uma área de 20,5 km2 e encontra-se a cerca de 21 km de distância da cidade da Ribeira Grande, a sede do concelho a que pertence. É uma freguesia virada para o mar, com uma visão muito ampla do imenso Oceano Atlântico Norte. Localiza-se a uma latitude 37.833 (37°44') Norte e a uma longitude 25.35 (25°21') Oeste, estando a uma altitude de 339 metros. A igreja paroquial dedicada à sua padroeira Nossa Senhora do Rosário foi construída em 1867, onde no seu interior poderá admirar a sua talha dourada e as várias imagens que contém. A festa em honra da padroeira é celebrada no último domingo de Agosto, com procissão e arraial tendo já a duração de uma semana em festejos. Nos últimos anos, a afluência de emigrantes e visitantes tem aumentado substancialmente. Em dias de festa, vive-se um outro espírito na freguesia, as pessoas empenham-se em embelezar suas casas bem como as ruas. No domingo de festa, as ruas por onde passa a procissão são decoradas com magníficos tapetes de flores. Um dos vários orgulhos desta freguesia é a praia da Viola que encanta cada visitante e possibilita um sossego e relaxamento como nunca imaginados. A água é uma delícia e quem nela mergulha sai com uma alma nova. Os acessos à praia são vários, quer de carro quer de pé. Para ir de carro basta descer até ao fim da lomba. Na descida encontra-se um miradouro concluído em Agosto de 2008. Sugere-se uma descida a pé pelos trilhos criados pelos nossos antepassados aquando do funcionamento dos moinhos que mesmo junto à praia moíam o milho que servia de sustento a toda a população da freguesia e até de freguesias vizinhas. Esta freguesia foi durante muitos anos uma fonte de emigração, principalmente para os Estados Unidos da América e Canadá. A freguesia é constituída por dois povoados



Lomba da Maia — o principal aglomerado urbano da freguesia, centrado na lomba que dá o nome à localidade. O povoado tem como núcleo principal uma malha urbana relativamente densa sita em torno da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, prolongando-se por arruamentos maioritariamente de orientação norte-sul, paralelos às ribeiras, para norte (Rua da Igreja) e para sul, formando, na parte alta do povoado, o lugar de Trás do Outeiro. O centro cívico da freguesia, com edifícios públicos e do comércio, situa-se nas proximidades da igreja.
Burguete — um povoado de cerca de 150 habitantes, sito na vertente exposta a sul do Pico do Burguete[2], entre os vales da Ribeira da Faia, a oeste, e da Ribeira do Cavalo, a leste. O povoado tem uma estrutura linear norte-sul, com as habitações alinhadas ao longo da estrada que sobe ao longo da margem direita da Ribeira da Faia.

[1] A designação lomba é utilizada na toponímia açoriana para designar as elevações alongadas encaixadas entre os talvegues de cursos de água adjacentes.

[2],O Pico do Burguete é um cone vulcânico sobranceiro à costa da Lomba da Maia, com 321 m de altitude no seu ponto mais alto, dissimétrico com a vertente norte mais inclinada, formado por piroclastos basálticos. Está encaixado entre as ribeiras da Faia, a oeste, e do Cavalo, a leste (cf. Burguete na Enciclopédia Açoriana).



Beneméritos e filhos ilustres da Lomba da Maia:

 

João Augusto Soares Brandão (1844-1921), actor nascido na Lomba da Maia que aos 11 anos de idade rumou ao Brasil, onde se tornou num popular ator de comédia, conhecido como Brandão, o Popularíssimo. Frente à escola da freguesia foi erigido um monumento em sua honra, contendo um baixo-relevo com a sua efígie. Um dos seus filhos, o actor Brandão Filho, também atingiu grande notoriedade.

 

Amâncio da Câmara Leite, professor de primeiras letras, um filho da terra que muito contribuiu para o desenvolvimento cultural da localidade, em especial no ensino da música e do teatro e no apoio à criação de grupos de jovens vocacionados para o efeito. Foi durante vários mandatos presidente da Junta de Freguesia. Foi escolhido para patrono da escola do primeiro ciclo da freguesia, hoje designada Escola Básica Professor Amâncio da Câmara Leite.


Jonas de Amaral Medeiros Negalha (1933-2007), poeta, escritor, filósofo, diplomado em literatura (1972) e em filosofia (1976), professor, membro da União Brasileira de Escritores e de outras instituições internacionais, viveu parte da sua vida no Brasil, onde faleceu na cidade de São Paulo.



Elias de Medeiros Negalha, radicado há muitos anos em Lisboa e autor de Os Meninos da Rua: Prevenção da Delinquência Juvenil (São Paulo, 1993), obra considerada de elevado mérito pedagógico.


Anthony de Sá é o autor de Barnacle Love (Random House, 2008) que intercepta o sonho emigrante com a desilusão e realidade amarga da experiência do emigrante açoriano num mundo onde o leitor caminha do isolamento e sossego da ilha ao multiculturalismo e alvoroço da cidade, Toronto. Decorrendo de experiências em que a vivência do autor está fortemente ancorada, Anthony de Sá caracteriza sucinta mas sugestivamente o ‘emigrante', dando-lhe uma feição universalista. Nasceu em Toronto, filho dum açoriano da Lomba da Maia. Os seus curtos contos de ficção têm sido publicados em inúmeros jornais e revistas literárias norte-americanas. Frequentou a Humber School for Writers e chefia o seu departamento de Inglês dirigindo o curso de escrita criativa numa escola de artes. O seu primeiro livro acabado de sair “Barnacle Love” foi um sucesso e está a escrever uma novela. Vive em Toronto com a mulher e três filhos.


Manuel Sá Couto, influente figura política açoriana e professor de Filosofia na Escola Antero de Quental é uma das referências locais de vulto















sábado, 13 de março de 2010

Dia do Pai










O Dia dos Pais tem origem na antiga Babilónia há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.






No entanto, em Portugal comemora-se o Dia do Pai celebra-se a 19 de Março, porque este é o dia de S. José, o pai de Jesus. Assim faz-se uma homenagem especial a todos os pais do mundo.
S. José, marido de Maria, era carpinteiro e vivia na cidade de Nazaré, na Galileia. Ao que parece, era um bom homem e aceitou ser o pai de Jesus.
A sua história vem contada na Bíblia.
O culto a São José começou no século IX.
Não se sabe ao certo em que data José nasceu ou morreu, mas o papa Gregório XV, em 1621, referiu a data de 19 de Março como a da sua morte.
E assim ficou a ser o seu dia!
Tornou-se também o santo padroeiro (protector) dos carpinteiros, pela profissão que tinha.
O nome José vem do hebreu (Youssef) e significa "que Deus acrescente".









Podemos até perder o nosso pai, mas quem, como eu, já o perdeu jamais o esquecerá!


A todos os pais que já partiram e a todos os filhos que ficaram... pensar que um dia nos vamos encontrar é a esperança que nos faz sobreviver.





Anabela Costa




Contigo, aprendi a saber o que é unidade


A ouvir o que não chega ser dito,


A sentir o que tu pensas,


Sabendo que pensas o que sinto…


Aprendi a saber de mim, através do que sei de ti…


Aprendi a conhecer o silêncio
A conhecer o seu dicionário mudo


Apenas pelo olhar,


Não preciso de palavras, para saber de ti


E sei que também não precisas


Porque sabemos o que sentimos…


Aprendi a suportar o mistério que nos une


A força que nos comanda


A energia que sentimos…


Aprendi contigo o valor de sermos “dois” e “um”


Estarmos juntos, estando separados,


Numa integridade única de quem sabe o que quer…


Aprendi contigo e com essa empatia


Que temos ainda muito que aprender


Que rir, cantar, chorar e amar


É apenas o segredo de sermos


Duas almas que sentem as dores um do outro…


sexta-feira, 12 de março de 2010

Cozido das Furnas



Cozido nas caldeiras naturais da Lagoa das Furnas, é um dos pratos mais emblemáticos da ilha. Os vários ingredientes são colocados numa panela, que é enterrada no solo junto às caldeiras, levando cerca de cinco horas a serem cozinhados pelo calor natural emanado da actividade vulcânica. Provar o cozido das Furnas, no próprio local, é uma experiência indispensável a quem visita a ilha.



Dicas para a confecção: Cortar as carnes (vaca, porco e galinha) em grandes bocados e, em pedaços regulares, cortam-se as batatas, os chouriços e toucinhos. As cenouras devem ser cortadas ao meio no sentido do comprimento, enquanto os nabos e as couves ficam aos quartos. Todos os ingredientes são introduzidos numa panela de alumínio, em camadas alternadas, sendo a última polvilhada com sal grosso. Com folhas de couve abafa-se tudo e tapa-se com a tampa que se ata às asas da panela. Introduz-se então numa saca de serapilheira, que por sua vez é amarrada a uma corda.A panela vai então a uma caldeira natural que é tapada com uma tampa de madeira e depois com terra, deixando a corda de fora. Cinco horas depois, o cozido está pronto. Tiram-se então as folhas de couve com que se abafou o cozido e servem-se as hortaliças num prato e as carnes noutro.


http://www.youtube.com/watch?v=rIxJXwHsSlQ

Bolos Levedos



Originários das Furnas, ilha de S. Miguel, os bolos lêvedos são cada vez mais utilizados nas ementas dos restaurantes de referência.
Também conhecidos por bolos inchados, estes pequenos pães adocicados derivam da massa sovada. O povo comia os bolos lêvedos nas alturas lembradas, sobretudo no Verão, acompanhados por vinho abafado. Hoje, comem-se todo o ano, recheados de diversas formas, com manteiga, pasta de chouriço, carnes frias ou compotas.


INGREDIENTES
Ingredientes:

Doce Regional AÇORES
1 kilo de Farinha
250 g de Açúcar
1 Ovo
25 gr de Manteiga (quem não gostar pode usar Margarina)
5 decilitros de Leite
10 gr de Sal
10 gr de Fermento